O problema de se contentar com o "the book is on the table?"

Fui uma criança que viveu os anos 80. Lembro muito bem que, nesta época, surgiu um jargão que perdura até os dias de hoje: “the book is on the table”. Tida como uma forma humorística de dizer que o inglês que se falava era o básico ou padrão, esta expressão encontrou solo fértil no linguajar dos brasileiros. Mas por que ela se tornou tão popular? É isto que vou tentar responder nesta reflexão.

O que quer dizer: “Eu falo o the book is on the table”? 

Nós, estudantes de língua inglesa, estamos condicionados a pensar que, para termos a segurança que estamos aprendendo algo, precisamos de um livro didático que cumpre com uma grade escolar. Ficamos tão imersos nesta ideia que, quando nos vemos numa situação real de fala, que demanda algo diferente do que aprendemos no livro - o que geralmente é o caso -, travamos. Ficamos sem reação. É como se sempre tivéssemos aprendido o “the book is on the table”, mas na hora de falar surge: “what’s the colour of the book”? 

Claro que não aprendemos somente o básico nos livros didáticos. Porém, há uma consenso sobre qual ordem de conteúdo, vocabulário e gramática que se deve ser ensinado e aprendido conforme um determinado "nível de inglês”. É isto o que chamo de “the book is on the table”. Afinal, este jargão não se refere à frase em si, mas à forma engessada de se pensar e estudar o inglês. 


Qual é o problema de pensar assim?

O problema é que na comunicação, a não ser que se decore um texto, nunca vamos falar exatamente aquilo que preparamos. Pense na seguinte situação: Você é um corretor de imóveis e conhece muito bem um imóvel que quer vender. Por mais que já tenha estudado o imóvel em detalhe, para cada interessado nesta casa ou apartamento, você vai se ver diante de uma forma diferente de apresentar o negócio. Isto acontece porque cada pessoa que você encontra tem interesses diferentes. 

Agora - voltando ao “the book” -, se acharmos que o livro didático oferece o conteúdo necessário para falarmos, vamos ficar condicionados à gramática e ao vocabulário sugeridos por este material. Isto faz com que percamos a principal habilidade da comunicação: o improviso na hora de falar inglês, o mesmo que acontece no caso do corretor de imóveis citado acima. 


E agora? O que fazer? 

Sugiro que a fonte de informação em sala de aula se volte para os alunos. Que o  conteúdo abordado surja das vivências e necessidades daquele que está em lá não só para aprender inglês, mas para se desenvolver pessoal e profissionalmente. Que tal simplismente perguntar ao aluno o que ele quer falar durante a aula? Com isto, certamente o mesmo vai se sentir mais valorizado enquanto indivíduo. Afinal, quem é que não gosta de ir direto ao ponto, direto à solução do problema, sem ter que ficar andando em círculos? 

Fique atento aos meus textos que sempre vou publicar uma reflexão e uma sugestão de solução para vários dos desafios que englobam o ensino de língua estrangeira no Brasil. 

Deixe o seu comentário, dúvida ou sugestão! Ficarei contente de poder compartilhar experiências e soluões com você! 

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Por que estudo inglês, e mesmo assim, não consigo me comunicar?